Ney fecha centro da covid no pq. Rizzo, alvo de negligência e sobrepreço, nesta 6ª

Especial para o VERBO ONLINE

Hospital de campanha no pq. Rizzo, que atendeu cerca de 4.100 pessoas e internou 630 em 3 meses e meio de funcionamento, fecha nesta 6ª | PMEA/Divulgação

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O governo Ney Santos (Republicanos) irá desativar o hospital de campanha contra covid-19 no parque Francisco Rizzo (centro) nesta sexta-feira (10), após três meses e meio de operação, mais de 100 dias. Após ocultar número de doentes assistidos ao longo do funcionamento, a gestão divulgou balanço de atendimento com o fechamento. A tenda hospitalar ficou marcada por protesto de família por morte de paciente e denúncia de superfaturamento.

O governo diz que o fechamento se deve à “redução do número de casos no município e o avanço de pacientes curados”. “Ao todo, foram atendidas no centro médico de combate ao coronavírus mais de 4 mil pessoas, sendo que Embu das Artes tem 646 pessoas curadas [até 8 de julho]”, diz. Porém, os casos e mortes só aumentam. Ney chama a unidade de primeiro hospital de campanha do Brasil, mas foi aberto antes o de Itapevi (Grande SP).

O governo diz que quase cem pacientes morreram e cerca de 500 se recuperaram. “Desde sua inauguração, em 23 de março, até a data de hoje, foram atendidas 4.106 pessoas, sendo que 630 ficaram internadas, 103 foram transferidas para UTI, 98 foram a óbito e 478 tiveram alta, representando taxa de cura de pacientes internados de 76%. A taxa de letalidade do hospital, levando-se em conta todos os pacientes atendidos, foi de 1,19%”, lista.

Desde 23 de março, o governo afirma que tomou medidas para prevenir o contágio de milhares de pessoas, preservar vidas e não sobrecarregar o sistema público de saúde com o excesso de pacientes nas UBSs, o que prejudicaria o atendimento médico a diferentes casos no município. Além disso, diz, concentrar os atendimentos à pacientes com suspeita da covid-19 apenas nos hospitais de campanha reduziria o contágio da doença.

O centro médico foi aberto com 40 leitos e dez consultórios. “Com certeza, ele deixou um importante legado à saúde de Embu das Artes. Além do pioneirismo, foi um local que salvou muitas vidas. Claro que lamentamos as pessoas que foram a óbito e somos solidários aos familiares que ainda sofrem com as perdas dos entes queridos”, disse Ney. Frisou que não hesitou em abrir a unidade quando “o mundo ainda estava atordoado” com a pandemia.

No entanto, o centro médico ficou manchado. A faxineira Madalena dos Santos, de 39 anos, morreu de covid-19 em 3 de abril depois de a unidade dizer que o que tinha “está longe de ser o coronavírus” e a mandar para casa. A moradora chegou a ficar dois dias em observação no local, mas recebeu como diagnóstico que a doença estava descartada apesar de ter falta de ar durante o simples ato de falar. “O centro é uma farsa”, denuncia o cunhado.

Também em abril, o morador João Paixão revelou, com dados oficiais, que Ney gastou R$ 1.950.000,00 para montar a tenda-hospital e mais R$ 10.799.717,04 para pôr a mesma empresa que gerencia os pronto-socorros municipais – AMG – para fazer o atendimento, no total de R$ 12.749.717,04, por apenas três meses de funcionamento – prazo que agora finda, daí a desativação. “Prefeito Ney Santos superfatura obra do hospital de campanha”, denunciou.

O governo, sob justificativa da necessidade de ampliação da oferta de leitos, transformou em 18 de maio o hospital leito no Jardim Vazame no segundo hospital de campanha contra covid-19 de Embu. Com o fechamento da tenda no parque Rizzo, a unidade passa a ser referência de atendimento aos pacientes com a doença. Oferece 45 leitos, sendo cinco de UTI e cinco de semi, e tomografia computadorizada 3D, que auxilia no diagnóstico do coronavírus.

Segundo a gestão, o hospital no Vazame pode atender com mais 23 leitos, caso ocorra um aumento de internações – Embu está na fase amarela do plano de flexibilização da quarentena, que concede a reabertura da maioria dos comércios e serviços, propícia a maior contágio. No local onde foi montado o centro no parque Rizzo, o governo diz que erguerá um monumento com o nome de cada um dos pacientes que faleceram na unidade, em homenagem.

SERVIÇO
Centro Médico Embuense de Combate ao Coronavírus – Unidade Vazame
Rua São Lucas, 92, Jardim Vazame, Embu das Artes

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