Ney admite que seu governo não funciona e fala que secretários ‘estão coçando’

Especial para o VERBO ONLINE

Ney com secretários e aliados; ele disse que "a prefeitura, independente de pandemia, tem a obrigação de fazer com que o serviço público funcione" | AO/23.jan.19

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes

No último ano de mandato à frente do município de Embu das Artes, quase no “fim da linha” da gestão, o prefeito Ney Santos (Republicanos) reconheceu que seu governo é ineficiente e não funciona, e culpou o primeiro escalão, os gestores que escolheu para os postos. Ao seu estilo, com rispidez e grosserias – como já tratou profissionais de imprensa e um vereador aliado -, Ney foi desrespeitoso com os secretários ao dizer que estão “coçando o saco”.

Ney deu a reprimenda em um áudio – a que o VERBO teve acesso – em grupo de WhatsApp com secretários e adjuntos ao falar de reunião na segunda-feira, por videoconferência, da qual acabou não participando. “Pedi para chamar essa reunião com vocês justamente para cobrar uma energia ou sinergia positiva do nosso governo. Se juntar duas mãos e contar, ainda sobra dedos dos secretários que estou vendo que estão trabalhando de verdade”, citou.

Ney disse que “tem secretário” que brinca, “achando que esse ‘home office’ é férias”, quando indicou que o governo não funciona. “A população não precisa do político ou do grupo só em época de eleição, precisa, principalmente, em situação como essa que está passando. A prefeitura, independente da pandemia, tem a obrigação de fazer com que o serviço público funcione, principalmente algumas secretárias, como Saúde, Desenvolvimento Social, Segurança.”

“Infelizmente, tenho visto muitos secretários aí, além de não estar ajudando, atrapalhando, a secretaria está levando mais problemas para o gabinete do que solução. Desculpa estar mandando esse áudio nesse tom, a reunião de ontem era para isso, não consegui participar, mas já estou mandando no grupo de secretários para que possam fazer uma análise. A prefeitura precisa estar de prontidão, de abraço aberto, principalmente ao menos favorecido”, disse.

Ney disse que, apesar de familiares com covid-19, está “trabalhando direto, meu ritmo está normal”, quando foi grosseiro com os secretários municipais. “Então, não seria justo vocês, que são subordinados a mim, estarem em casa, com todo respeito pela palavra, coçando o saco, a verdade é essa! Então, vamos rever muitas coisas durante essa pandemia para, quando a gente volte a trabalhar, tomar algumas decisões”, prosseguiu Ney, irritado.

“Eu não quero encosto, quero perto de mim pessoas que façam eu fazer um bom governo”, disparou Ney. Pediu desculpas aos que “estão trabalhando”. “A carapuça serve para quem não está trabalhando”, finalizou. Apesar de se dizer “ligado”, Ney esteve em seu imóvel em Jurerê, bairro de Florianópolis de luxuosas casas, na terceira semana de abril e depois viajou com a família para sua mansão à beira de represa em Capitólio (MG), apurou a reportagem.

A fala de Ney gerou mal-estar e aborrecimento no secretariado, apurou a reportagem. Um secretário tentou minimizar a “lavação de roupa suja” e levou na esportiva. “Literalmente chato”, brincou. “Mas é natural, o período é difícil para o gestor das cidades. Aliás, o período é difícil para todos, estamos distantes dos que amamos, apreensivos pela saúde deles e de todos”, disse. Ao ouvir que a situação seria motivo para relevar, ele concordou: “Verdade”.

É a segunda vez em menos de 15 dias que Ney se irrita com subordinados. No dia 25 de abril, após o morador João da Paixão fazer denúncia de que superfaturou o hospital de campanha, ele implorou a rebater e se irritou. ” Amigos, é bastante importante vocês ajudarem a gente divulgar, […] eu tenho visto poucas pessoas defendendo, infelizmente, muitas pessoas se escondendo debaixo da saia da esposa ou da mãe e não ‘está’ divulgando o material”, disse.

Apesar da alegada preocupação com o “social”, Ney tem uma ideia fixa, eleger vereador o assessor e “pupilo” Renato Oliveira – réu por tentativa de homicídio triplamente qualificado. “Todos os secretários têm que atender o Renato como se fosse atendendo o Ney. Se o Renato não ganhar, muitas cabeças vão rolar”, disse uma fonte do governo sobre a ordem do prefeito. Há mais de um mês, Ney tem direcionado a Renato alimentos que eram para a prefeitura.

Ney forjou agora uma carava para arrecadar cestas, com dois secretários estrategicamente à frente, pastor Marco Roberto (Gabinete), e Lourival Costa (Indústria e Comércio), para também abastecer ação assistencialista de Renato. No caso, ele se irritou diante da reação de profissionais da assistência social, quem deveria atender as famílias, daí a implicância com o Desenvolvimento Social. “Ele está ‘puto’ com alguns secretários, tipo Paulo Silas”, disse a fonte.

OUÇA ÁUDIO EM QUE NEY RECONHECE QUE SEU GOVERNO NÃO FUNCIONA E DESRESPEITA SECRETÁRIOS

> Colaborou a Redação do VERBO ONLINE

comentários

>