Com PSD ‘no pacote’, Ney e Chico acertam aprovação de contas e aliança eleitoral

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Ney e Chico festejam eleição do então vereador presidente da Câmara, em 2014; eles almoçam nesta 5ª-feira na casa de Ney para sacramentar acordo | Verbo

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes

EXCLUSIVO. O prefeito Ney Santos (Republicanos) e o ex-prefeito Chico Brito (ex-PT) retomam com vigor a “parceria” iniciada em 2014 e se reúnem nesta quinta (6), secretamente, para negociação de interesse de ambos. Ney acertará com Chico, com voto dos vereadores da base que controla, a aprovação das contas do ex-prefeito de 2015 e 2016, que foram reprovadas pelo TCE. Em troca, Ney vai ter a garantia de apoio à reeleição do PSD, “tomado” por Chico.

Ney vai sacramentar a negociação com Chico em almoço, na própria casa dele, do qual participarão vereadores da base. Os relatórios do Tribunal de Contas do Estado, pela reprovação da administração de Chico nos dois últimos anos, já estão na Câmara para serem votados. Em indicação da conversa adiantada, nesta quarta-feira (5), na volta dos vereadores do recesso, os governistas alteraram o relator das contas na Casa – será Índio Silva (Republicanos).

Índio é amigo de Chico, atuou no governo dele, como cargo político. Na apreciação das duas contas anteriores de Chico, de 2013 e 2014, que também foram rejeitadas pelo TCE, Índio se absteve na votação da primeira e foi contra a desaprovação da segunda. Antes, o relator seria o mesmo das duas primeiras contas, Doda Pinheiro (sem partido, expulso do PT), mas Chico, que foi traído pelo vereador quando prefeito, é desafeto de Doda e não confia nele.

Chico busca que a Câmara sob o comando de vereadores “obedientes” a Ney rejeite o parecer do TCE, um órgão independente, em vista de futuras eleições, com sinal verde. “Com a troca do relator, o compromisso do Ney é aprovar as contas. Eles traçaram a estratégia de aprovar para que Chico tenha algum elemento para contestar as outras duas que foram reprovadas”, diz a liderança, que pede anonimato. Com a rejeição, Chico hoje está inelegível.

Contudo, parte dos governistas rejeita e repudia Chico desde o início da legislatura e não estaria tão disposta a cumprir o acordo. “A questão é a seguinte: tem vereador que disse que só vota a favor das contas do Chico se tiver ‘algum’, se ‘molhar a mão’, senão não vota. Agora, já tem quem fala que vai votar porque o Ney está mandando”, revela a liderança, próxima ao prefeito. “Ou seja, eles estão totalmente unidos, Chico Brito e Ney Santos”, afirma.

Chico não teria oferta tão generosa por nada. “No pacote está o PSD, o Chico está passando o partido para o Ney”, afirma a liderança. No dia 27, o presidente do PSD de Embu, Alex Macedo, divulgou um comunicado em que a direção municipal rejeitava apoiar a reeleição de Ney e anunciava aderir à oposição. Não por acaso. “Alex estava indignado, descobriu que o Chico estava querendo passar o partido para o Ney, e não compactua com essa aliança”, conta.

Macedo reagiu em vão. “Ele já perdeu o PSD. O Chico pegou o partido direto com o Kassab”, afirma, ao se referir ao presidente nacional Gilberto Kassab. Chico “decretou” como presidente do PSD de Embu o chefe da Educação de Ney, Pedro Angelo – chamado de “competentíssimo secretário” pelo prefeito. Na montagem do “time” para voltar à cena política de Embu, Chico reúne Gustavo do Rancho, que deixou a pasta de Transporte para ser candidato a vereador.

É o próprio Chico que confirma a negociação com Ney, com os agora aliados no governo, efusivo. “Meu prefeito Ney Santos, ‘tá’ feito, prefeito, palavra empenhada, palavra cumprida, meu irmão, tá certo? ‘Tamo’ junto. Um abraço. Amanhã eu ligo pra você para conversarmos pessoalmente, tá bom? ‘Tá’ aqui o seu presidente Pedro Angelo e o próximo vereador mais votado de Embu das Artes, Gustavo”, diz Chico a Ney em áudio dias atrás, obtido pelo VERBO.

OUTRO LADO
Contatado pelo VERBO, Alex Macedo confirmou que o PSD de Embu é objeto de negociação do diretório paulista – Kassab é secretário licenciado do governo João Doria (PSDB). Ele indicou que está de saída do partido. “O grupo político criado em torno do PSD continuará com seu posicionamento de oposição ao governo [Ney] e procurará outra legenda para disputar as eleições municipais, e não participamos dessa negociação da direção estadual”, disse.

Também procurados sobre a negociação da aprovação das contas em troca da “entrega” do PSD, em retomada da aliança entre ambos, Ney e Chico não responderam. Este portal passou a investigar a reaproximação dos dois a partir de novo ataque de Celso Vasconcelos, secretário de Ney afastado por 60 dias, denunciado por “carteirada” em fiscais. “Em breve mais uma mentira sua do meio político será desmentida […] Vou dar uma dica [:] PSD”, disse, no dia 1º.

OUÇA O ÁUDIO EM QUE CHICO BRITO ENCAMINHA NEGOCIAÇÃO COM “SEU” PREFEITO E “IRMÃO” NEY SANTOS

> Colaborou a Redação do VERBO ONLINE

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