Doméstica morre após passar mal na UPA de Embu; família denuncia ‘negligência’

Especial para o VERBO ONLINE

UPA Sto. Eduardo, onde a doméstica Valdinete, 49, moradora do Jd. da Luz, foi medicada, vomitou, e, mandada embora, morreu em casa | Divulgação/'Embu News'

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes

A empregada doméstica Valdinete Batista Pereira, 49, moradora do Jardim da Luz, morreu no domingo (19) após ser atendida na UPA Santo Eduardo, em Embu das Artes, depois de ter reações a medicamentos prescritos e ter sido mandada para casa, em mais um caso de provável erro no atendimento do serviço de saúde do governo Ney Santos (Republicanos). Um primo diz que a morte de Valdinete poderia ter sido evitada e acusa a UPA de negligência.

Valdinete foi levada no sábado (18) à UPA com dores nas costas. Após passar em consulta com uma médica, ela foi tomar a medicação prescrita, quando teve reação adversa, vomitou e teve diarreia. Ficou em observação. Ao voltar ao consultório, a médica não pediu exames e a mandou embora, com recomendação de repouso e tomar remédios em casa. No domingo, Valdinete foi chamada por amigas para o café da manhã. Não respondeu. Estava morta, na cama.

Vizinhas chamaram a polícia. Na Delegacia Central, o primo Edimilton Trindade registrou boletim de ocorrência em que declara que Valdinete morreu “sem sinais de violência física”. No BO, relata ainda que Valdinete, “após reclamar de dores nas costas, foi levada à UPA Jd. Santo Eduardo, onde foi medicada com o remédio ‘diclofenaco de sódico’ e liberada em seguida. Hoje [dia 19], por volta das 10h48, a vítima foi encontrada deitada em sua cama, e em óbito”.

Em um vídeo publicado pelo site “Embu News”, amigas e outro primo de Valdinete falaram sobre o atendimento na UPA com revolta. “Ao aplicar a injeção na veia dela, ela vomitou, deu a reação de vômito e de diarreia. Aí ela foi para o banheiro. A enfermeira falou que era para aguardar cinco minutos para depois retornar com o medicamento. Depois, ela voltou a tomar o medicamento e deu reação novamente, vomitou, vomitou bastante”, conta uma vizinha.

“Como não tinha mais o que botar para fora, ela deitou, repousou um pouquinho na maca lá. Em seguida, retornou ao médico. Aí o médico disse que ia liberar ela e passar um medicamento para passar em casa”, completou a mulher. Moradores demonstram estar fartos de tantos problemas de mau atendimento na UPA. “E a gente, desta vez, não vai parar. A turma aqui vai para a frente da UPA. Ou entra médico para resolver ou fecha”, avisou outra amiga.

“Se não tem médico adequado para atender uma pessoa, para pelo menos passar um remédio adequado, fecha a unidade. Não tem como continuar com essa situação que estamos passando aqui no Embu das Artes. […] Para mim não existe isso [mandar para casa sem examinar melhor], por falta de um atendimento médico. Se a médica falasse para acompanhar ela, não tinha acontecido isso. Realmente, não tinha acontecido”, disse o primo Aloísio Santos.

Contatado pelo VERBO, Edimilton disse que a morte de Valdinete poderia ter sido evitada e acusou a UPA – sob gestão da empresa AMG – de negligência. “Sim, com certeza. Eles não deviam mandar ela para casa sem antes fazer um exame, para saber a causa da dor e também por que ela teve reação aos remédios. Ela tinha que ficar em observação e não mandar para casa”, disse o primo, indignado. “Tudo indica que foi infarto fulminante. Muito triste.”

O secretário de Saúde, Raul Bueno, disse lamentar a morte. “Assim que tomamos conhecimento, pedimos apuração. As primeiras informações da UPA foram de que a paciente foi medicada, fez eletro, que estava normal, e, por conta disso, recebeu alta. Entendemos a dor da família, mas vamos prosseguir apurando com rigor. A UPA tem médicos todos os dias e horários. Preparados para o que fazem. Se confirmar erro, haverá punição”, falou, via WhatsApp.

Contudo, em novembro de 2018, uma adolescente de 13 anos com problema respiratório comum morreu após ser medicada ao ser atendida pela segunda vez na UPA Santo Eduardo. Victória Kamily, com bronquite, saiu desfalecida do pronto-atendimento e chegou em estado “gravíssimo” ao Hospital Geral do Pirajuçara, onde veio a óbito. Em outro “absurdo”, o registro na receita não era do médico que a atendeu. O caso não foi esclarecido até hoje pela gestão.

Aloísio fez um desabafo que pode expressar o drama da relatada situação de caos na saúde de Embu, de não indicar a busca por socorro na UPA Santo Eduardo. “Não vá lá. Se for, às vezes não volta para casa, e os familiares todos vão chorar. Realmente, eu ‘tô’ falando de coração, pois já perdi um sobrinho, uns quatro amigos meus, e hoje a minha inquilina e prima. Então, não tenho o que recomendar, realmente é uma calamidade pública”, disse o parente.

comentários

  • Não é só no Embu aqui no Taboão também só dão injeções sem fazer nenhum tipo de exame parece que estão lidando com um Monte de animais senhores doutores das lupas e dos prontos socorros vcs estudaram Medicina ou veterinária?sexta-feira feira morreu uma colega que veio passar as férias aqui e voltou pra Bahia em um caixão por negligência

  • Mas o diclofenaco e uma medicação injetável ou oral na descrição dos fatos diz que que foi administrada na veia !

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