Bebê teve ‘asfixia grave’ na maternidade de Embu; me ajudem a fazer justiça, diz avó

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
GABRIEL BINHO
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O bebê da adolescente R. D., 17, que veio a óbito na quarta-feira (8) após 23 dias internado em estado gravíssimo no Hospital Geral Pirajuçara (HGP), na UTI, para onde foi levado 24 horas após o parto, morreu em consequência de ter sofrido “asfixia grave ao nascer”, na Maternidade de Embu das Artes. A mãe de R., avó da criança, a professora Sandra de Souza, acusa negligência e pede ajuda para “fazer justiça” contra a maternidade e os médicos que atenderam a filha.

R.D. ao lado das roupinhas do Bernardo
R.D. com roupinhas de Bernardo; segundo HGP, bebê teve ‘asfixia grave ao nascer’, na maternidade de Embu

R. deu à luz um menino na maternidade há cerca de três semanas, na madrugada do dia 16, por volta de 3h, mas o bebê nasceu em procedimento que resultou em um tormento para a jovem e a família, a ponto de ir para uma UTI. “Forçaram parto normal. O cordão umbilical ficou enrolado no pescoço”, disse Sandra durante a internação do bebê. A maternidade é gerida por uma empresa privada, a Edusa, mas sob supervisão da prefeitura – gestão Ney Santos (PRB).

Procurado pelo VERBO no dia 30, o secretário José Alberto Tarifa (Saúde) disse que o parto ocorreu sem problema. “Em 16 de julho de 2018, às 03:14 da manhã, foi realizado o parto no Centro Cirúrgico, acompanhado da neonatologista, ginecologista e enfermeira obstetra. Em prontuário não constam intercorrências com o recém-nascido, sendo às 05:40 da manhã encaminhado para o alojamento conjunto onde recebeu apoio e passou a ser amamentado pela mãe”, disse.

“Aproximadamente às 16:00 do mesmo dia, 16 de julho, o recém-nascido começou a apresentar certo desconforto respiratório, sendo encaminhado assim ao berçário da unidade para procedimentos de ventilação mecânica e observação. Às 2:30 da manhã, do dia 17 de julho, a criança foi transferida ao Hospital Pirajussara para dar seguimento ao tratamento intensivo. Até o momento não foram constatadas irregularidades nos procedimentos”, afirmou Tarifa.

Porém, o relatório do HGP sobre o óbito do bebê, a que o VERBO teve acesso, acusa claramente que a criança “teve asfixia grave ao nascer”. Em crescente evolução crítica do estado clínico, no dia 2 de agosto, o bebê apresentou “quadro de choque séptico” – infecção generalizada que chega à corrente sanguínea e se espalha pelo corpo, dificultando a chegada de oxigênio a órgãos como cérebro, coração, rins. Ele morreu às 10h46 após sofrer três paradas cardíacas.

A avó de Bernardo, nome do bebê, está revoltada. “Fica claro que o cordão umbilical estava com duas voltas ao redor do pescocinho dele. Eles negligenciaram uma cesária e não fizeram uma ultrassonografia para ver se o bebê estava bem ou agonizando na barriga da mãe. Como forçaram um parto normal, minha filha foi tendo contrações – fazia força para o bebê nascer. Quando ele vinha, o cordão puxava ele para trás, esganando ele”, disse Sandra hoje ao VERBO.

O bebê foi enterrado nesta quinta (9), no Cemitério Valle dos Reis, em Taboão da Serra, sob forte comoção. A mãe de Bernardo está extremamente abalada. “Eu queria cuidar do meu bebê…”, disse, chorando, em sofrimento de cortar o coração. A avó denuncia ainda que a maternidade negou prontuário do neto e fez alterações no relatório médico “para se isentarem das responsabilidades”. Consternada, Sandra fez um pedido à reportagem: “Me ajudem a fazer justiça”.

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