Ney abandona obra da biblioteca central de Embu orçada em R$ 500 mil e que completa 1 ano de atraso

A obra de reforma da biblioteca municipal central de Embu das Artes, na rua Nossa Senhora do Rosário, está abandonada. O espaço está destruído. A área externa tem entulho, amontoado de telhas quebradas espalhadas, sobra de material de construção, armários metálicos ao relento e muito lixo, inclusive pilhas e garrafas vazias de bebida destilada. Sem telhado, o prédio no interior está sujo e tem mais mobílias que estão enferrujando, mal cobertas por plástico.

A placa da obra ainda resiste e é reveladora do descaso. A reforma com aquisição de equipamentos para a chamada Biblioteca Moacy de Faria Jordão, entre outros dois espaços municipais (biblioteca do Vazame e Centro Cultural Mestre Assis), tem prazo de início em janeiro de 2021 e término em janeiro de 2022, ou seja, já deveria estar finalizada há quase um ano. O custo é de R$ 527.752,70, recurso do município e verba federal, por meio do Ministério das Cidades.

A moradora Maria Alexandrina esteve no espaço que deveria estar tomado de livros e transpirar cultura, mas retratou, com fotos, situação oposta, de terra arrasada. “Biblioteca Central de Embu das Artes. Literalmente abandonada! Assim as autoridades tratam o patrimônio público! Muito triste ver nossa casa assim!”, publicou em rede social no último dia 16. Diante da postagem, outros munícipes se manifestaram para lamentar a falta de zelo com o equipamento.

“Que absurdo! Que tristeza! É lamentável isso! Trabalhei nessa biblioteca como guarda-mirim em 1981, era bem cuidada e um excelente ambiente de leitura! Bem aconchegante e bem organizada. Agora está toda destruída. Já frequentei bastante essa biblioteca, que faz parte do patrimônio, que pode se dizer até histórico da nossa querida cidade”, disse Augusto Santos. “Eu quando estudava ia muito aí. Passei esses dias, fiquei mal só de olhar”, escreveu Lucimar Minario.

Moradores também criticam o prefeito Ney Santos (Republicanos) pelo estado da biblioteca. “Parabéns, prefeito, pela ordem e pela reforma. Que vergonha”, disse. Ao fazer comentário, Maria Alexandrina fez referência ao patrono do espaço municipal. “O nosso maior historiador de Embu, Moacyr de Faria Jordão, deve estar revirando no túmulo…”, disse. Ela anunciou que ia realizar coleta de assinaturas pela retomada da obra nesta quarta-feira (28) na praça central.

O vereador Abidan Henrique (PSB) também denunciou o abandono da obra, no último dia 20. “Primeiro, a entrada da biblioteca está toda largada. Tinha uma cerquinha, mas já está destruída, qualquer pessoa consegue entrar. Vou mostrar a placa, para vocês entenderem o tamanho do problema. Essa obra era para ter terminado em janeiro de 2022. Em janeiro do ano que vem vai completar um ano de atraso e está custando aos cofres públicos mais de R$ 500 mil”, aponta.

O vereador relata que “todo o telhado foi destruído” e mostra as telhas empilhadas no terreno. “Qualquer criança que vier aqui pode se machucar. Pode gerar escorpião, um monte de bicho. E a prefeitura não fez sequer o favor de tirar esse entulho daqui”, critica. Com o prédio sem teto, ele também aponta que as paredes estão úmidas devido às chuvas. “Vai danificar toda a construção. E vai ser uma boa desculpa para demolir o prédio e fazer outra coisa aqui”, adverte.

Abidan diz nutrir um valor sentimental pela biblioteca por ter usado o local na infância fazer “lição de casa, trabalho”, ao se dirigir ao prefeito. “E sei que toda uma geração também usou esse espaço que o senhor hoje está destruindo. Esse é o retrato da gestão Ney Santos, um descaso com a educação, com a cultura e o turismo. Eu vou fazer questão de investigar onde o senhor colocou o dinheiro da reforma”, afirma. Questionado sobre o abandono da obra, Ney não respondeu.

VEJA MANIFESTAÇÕES DE MORADORES DIANTE DO ABANDONO DA REFORMA DA BIBLIOTECA CENTRAL DE EMBU E DENÚNCIA DE ABIDAN