Imprensa e entidades repudiam agressão a jornalista e pedem punição de autores

Especial para o VERBO ONLINE

Público e alunos na área do pátio durante apresentação da 14ª Festa das Nações do Edgard Francisco

ALEXANDRE OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE

Veículos de comunicação do sudoeste da Grande São Paulo, entidades de jornalistas e empresas jornalísticas do Estado e do país e um blog ligado a universidade no exterior publicaram editoriais, reportagens e se pronunciaram em repúdio a agressão ao jornalista Adilson Oliveira, que recebeu socos e chutes de um grupo de alunos após registrar que uma estudante teve parte do rosto queimado ao fazer o número de “cuspir fogo” durante evento da Escola Estadual Edgard Francisco, no sábado, dia 21, em Taboão da Serra (20km da capital paulista). Ele fazia reportagem para o VERBO Online.

“Adílson fotografou acidente com uma aluna durante apresentação da Festa das Nações, quando cerca de 10 alunos exigiram que apagasse as fotos. Como se recusou, foi agredido e derrubado no chão […]. Ele procurou atendimento médico com várias escoriações no tórax e braço. Foi registrado boletim de ocorrência no 1º Distrito Policial”, relata “O Taboanense”. O portal publicou ainda um editorial, o que só faz em ocasião excepcional. “Casos como esse não podem ficar impunes, não por corporativismo, mas pela covardia e forma animalesca com que agiram os agressores”, diz.

Público e alunos na área do pátio durante apresentação da 14ª Festa das Nações do Edgard Francisco
Público na tradicional Festa das Nações da E.E. Edgard; no evento, grupo de estudantes agrediu repórter

O “Embu Digital”, voltado para noticiário da cidade vizinha a Taboão, também dedicou um editorial para “comentar um fato que não pode passar em branco: a agressão covarde a um jornalista de nossa região, por parte de um grupo de adolescentes absorvidos de insanidade e de fúria animalesca”. Em texto denso, o site questiona “até quando o Brasil vai formar delinquentes” e quem deveria formar cidadãos. “Um professor bradou, quando o jornalista era removido do local em segurança […], que ‘você não é bem-vindo aqui!’. O que quis dizer? Quis aprovar a atitude dos seus alunos agressores?”

O site “Linhas Populares” cita que a representação dos professores da escola na Apeoesp (sindicato dos profissionais de ensino) emitiu nota e “apenas se contentou em reproduzir a versão dos alunos que acusaram o jornalista de ‘rir’ da situação [acidente com aluna]”. Mas o “LP” transcreve a posição do repórter, que rechaça a acusação. Na edição que circula desde esta terça-feira, dia 24, “o jornal Alvo vem a público repudiar a agressão ao jornalista […] que violenta a liberdade de imprensa e o livre exercício profissional” e aponta que ele também foi vítima de “constrangimento moral”.

O “Taboão em Foco” conta que Oliveira conversava com o vice-diretor da escola para saber o estado de saúde da jovem quando foi “covardemente espancado”. Lembra que, “há um ano, o mesmo jornalista fez uma série de reportagens ao ‘TF’ mostrando que os alunos desta escola estavam sendo vítimas de assaltos quando deixavam o período escolar. O caso ganhou repercussão em toda mídia regional e até mesmo na chamada grande mídia”. O site, em outro texto, traz declaração do vice-diretor, João Barreto, que repudia com indignação o ataque dos alunos e pede que sejam punidos.

A notícia transpôs os limites de Taboão da Serra e da região e chegou ao Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, que em seu site – sob figura de pessoa amordaçada e alerta de que “Sem liberdade não há informação” –  também repudia as agressões sofridas pelo jornalista, que “foi brutalmente espancado por eles [cerca de dez alunos] com chutes e socos, inclusive vindo a cair no chão”. “O SJSP lamenta o episódio e exige que os agressores sejam localizados e punidos. Também se coloca à disposição do profissional, através de seu Departamento Jurídico, para as providências cabíveis”, diz.

Alunos em dança típica do Uruguai, com moças e rapazes em trajes de gala, uma das belas apresentações
Alunos em dança típica uruguaia, com moças e rapazes em trajes de gala, uma das belas apresentações

Em repercussão já além de São Paulo, a Associação Nacional de Jornais se manifestou sobre o caso. Segundo o diretor-executivo Ricardo Pedreira, “é um absurdo lamentável, uma brutalidade injustificável o que aconteceu com o profissional”. A entidade relata que Oliveira foi agredido após se negar a apagar fotos do acidente. “Muito triste que esses estudantes não tenham entendido o papel do profissional de imprensa. O que a ANJ espera é que esse episódio seja apurado e que os responsáveis sejam identificados e punidos”, diz Pedreira ao jornal “Gazeta SP”, que também condenou a agressão.

A violência contra o repórter rompeu ainda a fronteira do país e virou manchete do blog “Jornalismo nas Américas”, da Universidade do Texas, Estados Unidos, que frisa que “a ocorrência já foi registrada na delegacia de Taboão da Serra” e “diversos órgãos de comunicação locais exigiram que a Polícia Civil iniciasse investigação a fim de apurar e punir pela lei os culpados da agressão”. E alerta que “o episódio perpetrado” contra Oliveira “junta-se às contantes agressões e atentados contra jornalistas” em várias partes do Brasil, classificado “como um dos países mais perigosos para exercer o jornalismo”.

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