Igreja acata Justiça e cumpre 2 dias antes suspensão das missas que já decretara

Especial para o VERBO ONLINE

Paróquia São João Batista em Taboão da Serra, igreja da Diocese, dispõe de álcool em gel em missa, que agora está suspensa; e dom Luiz | Adilson Oliveira/Verbo

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em São Paulo

A Igreja Católica na região acatou decisão da Justiça e cumpriu a ordem de suspensão de missas e outras celebrações a partir deste sábado (21), por tempo indeterminado, dois dias antes do que havia decretado. Entre as “medidas temporárias e emergenciais de prevenção” ao coronavírus, a Diocese de Campo Limpo já tinha decidido no dia 18 não realizar mais os cultos a começar desta segunda-feira (23), “no intuito de preservar, defender e cuidar da vida”.

Na ato assinado na quarta-feira (18), após reunião com o Colégio dos Consultores (padres que auxiliam no governo pastoral), o bispo de Campo Limpo, dom Luiz Antônio Guedes, determinou que, “a partir de segunda-feira, 23 de março, até o dia 30 de abril”, ficasse “suspensa em todo território diocesano a realização pública das santas missas e celebrações da palavra, diárias e dominicais, permanecendo os fiéis desobrigados a cumprirem o preceito dominical”.

Apesar da suspensão, o bispo exortou que todos os sacerdotes (padres e o bispo emérito – dom Emílio Pignoli) celebrassem, diariamente, “em forma privada a santa missa em favor do povo de Deus” – em capela particular -, e orientou que os fiéis acompanhassem as celebrações pela TV, internet e rádio. Solicitou ainda que “nossas igrejas permaneçam abertas, limpas e bem ventiladas” – para que os fiéis pudessem entrar para rezar, mesmo sem missas.

No documento, dom Luiz Antônio determinou também que fossem suspensas as atividades de catequese nos diversos níveis, até que a situação fosse normalizada; fossem suspensos os mutirões de confissão e que não fossem realizadas celebrações penitenciais comunitárias; e também fossem suspensas “e oportunamente remarcadas” as celebrações de batismo e primeiras comunhões, no entanto, não se deixasse de realizar batismo de emergência”.

Sobre casamentos, o bispo orientou que os padres dialogassem com os noivos sobre a possibilidade de transferir, “sem grave prejuízo”, sendo cada caso tratado singularmente. Também recomendou, “através das redes sociais, promover promovidos “momentos virtuais de oração e espiritualidade, compartilhar homilias e estar disponível para atender a todos que precisam de uma palavra de conforto e sintam-se amparados neste momento difícil”.

Dom Luiz também comunicou “que todos os eventos e formações de âmbito diocesano” estavam cancelados por tempo indeterminado, e que as Missas da Unidade nas foranias (áreas das zonas sul e oeste de São Paulo e cidades da região), em maio, e a “Festa da Unidade”, em Itapecerica da Serra, em 31 de maio, estavam também canceladas. A diocese tem mais de cem paróquias e se estende desde a Cidade Jardim (zona sul da capital) até Juquitiba.

O bispo advertiu que “este decreto foi refletido e assumido” no Colégio de Consultores e que “fosse acolhido com espírito de comunhão e solicitude”, e disse que “outras orientações” seriam decididas na reunião já marcada para o dia 25. Ele finalizou ao convidar “à oração pelas vítimas, pelas autoridades, pelos médicos e profissionais da saúde e por todo o povo de Deus para que cumpram as medidas de cuidado pela vida que é dom e compromisso de todos”.

Neste sábado, dom Luiz emitiu novo aviso em caráter de urgência após decisão judicial. Na sexta (20), o Tribunal de Justiça concedeu liminar que proíbe cultos em todo o Estado de São Paulo. O Ministério Público entrou com o pedido para obrigar o governo estadual e a prefeitura a impedirem cultos, citando nominalmente pastores como Silas Malafaia e Edir Macedo. Eles foram citados por terem dado declarações minimizando a pandemia do coronavírus.

O Estado havia recomendado que os cultos não ocorressem. Mas a decisão manda cumprir “imediata fiscalização e aplicação das sanções administrativas/sanitárias, inclusive interdição […], imposição de multa e comunicação dos fatos à autoridade policial”. O juiz Randolfo Ferraz pontuou que “meras recomendações” para o isolamento social não são compatíveis com uma pandemia, e “nem mesmo determinações”, sem que o descumprimento não seja punido.

Assim, dom Luiz emitiu informe “urgente” às paróquias. “Comunico a todos: padres, religiosos, religiosas, agentes pastorais e fiéis que, por decisão da Justiça, fica suspenso (proibido) [sic] a partir de hoje, 21 de março, a realização de missas e cultos, bem como qualquer atividade que provoque aglomeração de pessoas. O descumprimento dessa decisão poderá gerar multa, fechamento da igreja, penalidades criminais e até mesmo prisão”, alertou o bispo.

“Portanto, o decreto diocesano, que entraria em vigor na segunda-feira passa a vigorar desde hoje, 21 de março, sábado. Assim, estão proibidas desde hoje as missas, celebrações da palavra e todas atividades litúrgicas e pastorais”, enfatizou o bispo. Contudo, a decisão é por tempo não determinado, e não até 30 de abril. Paróquias correram para informar os fiéis, com aviso nas igrejas já neste sábado. Alguns padres leram o aviso aos paroquianos via rede social.

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