Greve faz lixo se acumular e Cavo acusa inadimplência; governo Fernando nega

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Taboão da Serra amanheceu nesta terça-feira, dia 24, com muito lixo nas calçadas em praticamente a cidade inteira, a ponto de grande volume de sacos impedir a passagem e obrigar pedestres a andar pela via pública, em consequência da greve dos coletores de lixo e varredores de rua da Cavo Serviços e Saneamento S/A, iniciada ontem. A categoria decidiu cruzar os braços, por tempo indeterminado, por reajuste salarial de 12,7%, contra 6,5% oferecido pela empresa.

O Siemaco (Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Limpeza Urbana) de Taboão da Serra, Cotia e região informou estar fora de cogitação aceitar reajuste proposto pelo sindicato patronal, Selur (Sindicato das Empresas Urbanas do Estado de São Paulo), enquanto a inflação anual em 2014 chegou a 7,9%. Com a deflagração da greve, a Cavo recuou e “elevou o reajuste para 7,68% sobre os salários e benefícios, equivalente à inflação”, afirma em nota.

Sacos de lixo diante de ponto de ônibus e na calçada, obrigando pedestre andar pela rua (dir.), no Jd. Trianon

Para a empresa, “os trabalhadores não estão 100% favoráveis à greve, mas estão sendo impedidos de trabalhar, já que a garagem da Cavo na cidade foi bloqueada por veículos do Siemaco, inviabilizando a entrada e saída das pessoas e dos caminhões da coleta”. “A Cavo registrou boletim de ocorrência e está acionando o TRT [Tribunal Regional do Trabalho], já que a atitude desrespeita a decisão judicial em vigor, da qual o sindicato foi devidamente notificado”, diz ainda.

A Cavo afirma ainda que o sindicato que a representa obteve no TRT “liminar para garantir a operação com efetivo mínimo de 70% dos trabalhadores de coleta e varrição e 100% dos que trabalham com resíduos hospitalares e em aterros sanitários”. Na tarde desta terça-feira, nova audiência está prevista no TRT para tentativa de acordo entre sindicato e patrões para pôr fim à greve que já preocupa a população e coloca empresa e prefeitura em lados opostos.

A Cavo afirma que desde o início de 2012, último ano de gestão do ex-prefeito Evilásio Farias (PSB), a prefeitura está em “inadimplência” em relação aos pagamentos dos serviços que prestou, “equivalente a 14 meses de faturamento”. A empresa diz, porém, que, apesar da pendência, “vem mantendo o nível de atendimento” e “tem feito o possível para que a população não seja prejudicada”. O VERBO não conseguiu contato com Evilásio para comentar a respeito.

Já o governo do prefeito Fernando Fernandes (PSDB) diz que o contrato vigente com a Cavo, de coleta de resíduos sólidos, foi assinado há dois anos e que o cumpre sem atrasos. “Todos os pagamentos devidos à contratada, na atual gestão (2013/2016), se encontram rigorosamente em dia”, afirma. “Em caso de inexecução parcial ou total dos serviços, a contratada será responsabilizada e penalizada na forma da legislação vigente e contrato formalizado”, acrescenta.

O governo municipal diz não poder intervir na greve, mas avisa que os serviços devem ser prestados. “No preço dos serviços contratados estão inclusos todos os custos, inclusive encargos sociais e trabalhistas, portanto, não compete à Prefeitura interferir na relação entre empresa e empregados. A contratada foi notificada acerca da inexecução contratual, entretanto, por força das disposições constitucionais tem direito a ampla defesa e ao contraditório”, afirma.

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