Fila na UBS Record dobra esquina; ‘é assim mesmo e tem que ver se na semana que vem vai ter agenda’

'Está um caos mesmo, faz mais de 3 meses para marcar consulta da minha mãe que é urgência, nunca tem agenda', relata usuária; secretário diz que fila foi 'excpecional'

Especial para o VERBO ONLINE

Extensão de pacientes para marcar consulta na UBS Record/Ponte Alta, em Taboão, nesta 5ª; funcionária diz que o sufoco é rotina; secretário diz que a fila 'surgiu' | Divulgação/Verbo

Moradores de Taboão da Serra tiveram de enfrentar fila com mais de 300 pessoas para marcar uma simples consulta médica de atenção primária na UBS Record/Ponte Alta na manhã desta quinta-feira (13). Uma munícipe moradora da região relatou que a situação é de “caos mesmo” na unidade. O quadro já se tornou rotina no governo Aprígio (Podemos). Em fevereiro, o posto Suiná deixou o mesmo número de pacientes do lado de fora à espera para tentar agendar atendimento.

Um morador divulgou em uma rede social fotos de pacientes na fila que começou na porta da UBS Record/Ponte Alta, na rua Juazeiro, e chegou a dobrar a esquina, com a rua Angelina, com extensão de mais de 100 metros. Moradora de bairro da área da unidade, a usuária Patrícia Darck, diante das imagens, reforçou o sofrimento dos pacientes. “Está um caos mesmo, faz mais de três meses para marcar consulta da minha mãe que é urgência, nunca tem agenda”, diz.

O VERBO questionou o governo Aprígio sobre a fila e a demora para marcar consulta básica na UBS, com clínico e ginecologista. A Secretaria de Comunicação, chefiada por Arnoldo Landiva, ignorou. Indagado sobre o “caos” na UBS, o secretário de Saúde, José Alberto Tarifa, igualmente ficou em silêncio. Também procurado, o secretário de Planejamento e Gestão Estratégica – subprefeito do Pirajuçara -, Allan Mohamed, disse que “todos os usuários foram atendidos”.

Segundo Allan, os pacientes ficaram pouco tempo na fila que “surgiu”. “Cabe salientar que a referida unidade faz agendamento pelo acolhimento e pela recepção. Ontem, 13 de abril, excepcionalmente, surgiu uma fila para o agendamento de consultas que perdurou por aproximadamente 15 minutos, sendo que ocorreram cerca de 400 agendamentos de consultas com o clínico e 150 consultas com os pediatras, tendo todos os usuários sido atendidos”, afirmou.

“Trabalho muito bem feito pela unidade básica de saúde, que contou com o apoio de toda equipe, ocasionando no término do atendimento a todos os pacientes por volta de 9h30. Por tal razão, já parabenizo o secretário da pasta”, continuou Allan – no entanto, nem o titular da Saúde quis responder sobre a fila imensa na unidade. O secretário de Planejamento sustentou que, em conjunto com Tarifa, está fazendo visitas às UBSs “para melhorar o atendimento” à população.

Ao contrário da fala de Allan, porém, a UBS Record/Ponte Alta não teve fila “excepcionalmente” nesta quinta-feira e não atendeu “todos” que tentaram marcar médico. Este portal esteve no posto no início da tarde desta sexta-feira e ouviu que o grande número de pacientes que ficam esperando do lado de fora da unidade para agendar é frequente. Ao escutar que uma paciente foi embora sem a consulta com clínico, a funcionária da recepção disse: “Mas é assim mesmo”.

A servidora reforçou a dificuldade ao informar que a marcação de consulta nos próximos dias não é garantida. “Como abriu [agenda] ontem, tem que esperar a próxima semana para ver se vai abrir. Tem que estar ligando”, disse. Ela falou que o paciente até pode ir direto à UBS sem antes telefonar, mas fez um alerta. “Se quiser vir, pode. Mas aí corre o risco de dar viagem perdida, né?”, explicou. “Ontem a fila estava dando volta na outra rua”, comentou a reportagem.

A funcionária confirmou a rotina. “É assim mesmo. Quando está muito cheio assim, é porque abriu”, disse, ao apontar demanda reprimida devido a poucas vagas. Allan não citou marcação para as mulheres. Não foi por acaso. “Não está marcando com ginecologista. Só clínico”, disse a servidora. Uma paciente com bebê no colo pediu para passar com o profissional. “Você que está querendo GO? Não tem. Vai no acolhimento [enfermagem] e fala o que é”, falou outra funcionária.

comentários

>