No maracatu, Kambinda e convidados fecham Carnaval de Embu com ‘banho cultural’

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, no Jardim Santa Tereza, em Embu das Artes

O Kambinda – Teatro Popular Solano Trindade e mais dois blocos de rua, o Mucambos de Raiz Nagô, de São Paulo, e o Leão da Vila, de Sorocaba (SP), fizeram o Carnaval no Jardim Santa Tereza no último dia de folia em Embu das Artes, nesta terça-feira (13). Durante uma hora, cerca de 80 integrantes dos três grupos tocaram e dançaram o maracatu, ritmo musical e ritual de sincretismo religioso com origem em Pernambuco, em apresentação que ganhou aplausos.

Blocos Kambinda - Teatro Popular Solano Trindade,
Kambinda – Teatro Solano Trindade, Mucambos de Raiz Nagô e Leão da Vila dançam maracatu no Sta. Tereza 
Universitária Fabiana prestigia apresentação dos blocos
Universitária Fabiana, 21, com a prima, prestigia blocos, ao dizer que ‘minhas raízes estão sendo preservadas’

Com expressivos estandartes à frente, o anfitrião Kambinda, de Embu, e os convidados fizeram evolução na rua Belgrado com muita expressão corporal e rodada de saia das yabás (baianas “escravas”), que exibiam uma boneca ricamente enfeitada na extremidade de um bastão, a calunga, entidade espiritual da etnia banto. O cortejo tinha à frente as figuras centrais, a rainha e o rei do maracatu, em trajes que chamavam atenção pela beleza das cores e brilho.

“Juntamos os grupos para prestigiar o Carnaval de Embu das Artes. Apresentamos o maracatu de Recife, que representa a coroação das pessoas que vieram escravizadas para o Brasil, mas tinham a realeza na África”, explicou o artista Vítor Trindade, neto do teatrólogo Solano (1908-1974) e filho da artista plástica Raquel Trindade, que conduz o bloco – octagenária, ela não participou por motivo de saúde, mas inspirou ao falar ao grupo antes da apresentação.

Apesar de o Kambinda não fazer o ritual do candomblé, apenas os movimentos dos orixás, muitas pessoas ainda têm preconceito. “Não há nada na cultura brasileira que não tenha influência das religiões de matriz africana. [O maestro] Villa Lobos foi aos morros buscar a tradição afro para a música erudita. E para ter influência física da religião afro-brasileira, é como nas igrejas evangélica e católica, só se se batizar, senão não ‘pega’ nada. É intriga da oposição”, disse.

A universitária Fabiana Gomes, 21, mesmo sob garoa, de guarda-chuva, aplaudiu a apresentação dos blocos. “É muito importante, muita gente da periferia não tem atração onde mora, tem que se deslocar para o centro. É para chamar os jovens da periferia para saber o quanto o nosso bairro é importante, além de preservar a cultura. O sentimento não só de pertencimento ao local onde moro, mas também de saber que as minhas raízes estão sendo preservadas”, disse.

CENTRO
À noite, o Kambinda desfilou na praça central de Embu, na região onde fica o teatro popular, e encantou moradores e turistas. No centro, mas em outro ponto, o bloco Desbundas Artes também voltou a desfilar, com concentração final na praça da Lagoa, para prestigiar os “barraqueiros”. “Ensaiamos lá desde outubro, seria injusto fazermos o Carnaval só na praça, para ir vender lá os comerciantes teriam de pagar R$ 540 por dia”, disse a coordenadora Maria Claudia Capelli.

> VEJA APRESENTAÇÃO DE BLOCOS DE MARACATU NO JD. SANTA TEREZA NO CARNAVAL DE EMBU DAS ARTES

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