Fernando tenta encerrar assistência de ONG a crianças carentes; entidades brecam

Especial para o VERBO ONLINE

PEDRO HENRIQUE FEITOSA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O prefeito Fernando Fernandes (PSDB) tentou encerrar no último dia 13 por meio de “rolo compressor” de integrantes do governo no Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS) o atendimento da ONG Solar dos Unidos, no Jardim Clementino, mas os membros das entidades no órgão resistiram à pressão e foram contra. A gestão alega que as 175 crianças e adolescentes assistidos pela ONG serão atendidos pela prefeitura, mas o equipamento ainda não existe.

Fernando discursa em inauguração no Jardim Clementino, próximo à entidade Solar dos Unidos
Fernando discursa em inauguração no Jd. Clementino, próximo à entidade Solar dos Unidos, em abril de 2016

Ordinária, a reunião do CMAS ficou tensa com o anúncio, sem alarde, de que a entidade seria excluída. Conforme a ata, a que o VERBO teve acesso, a gestora da Secretaria de Assistência Social Sylvia Cerresi citou “a título de informe” que a pasta “irá assumir os serviços ofertados pela OSC Solar dos Unidos e o termo de aditamento não será renovado”, e que será inaugurado um Cras (Centro de Referência de Assistência Social) no Clementino “a partir” de fevereiro de 2018.

Debate acalorado se instalou na reunião. A assistente social do Solar dos Unidos, Edinalva Lucio, perguntou “se o Cras vai atender as 175 crianças com as mesmas atividades executadas”. Sylvia disse “que sim, serão contratados oficineiros, sendo esta informação que tem a passar”, conforme a ata. Membro do conselho como usuária do serviço, Júlia Maciel questionou a gestora sobre “o sentimento das crianças”. Sylvia respondeu que “as mudanças fazem parte do processo”.

A diretora do Solar dos Unidos, Fátima Lima, argumentou que na ONG “as crianças comem comida (arroz, feijão, carne), sendo que nos Cras é oferecido lanche”. Disse ainda que “o serviço de convivência do Solar dos Unidos é ofertado de segunda a sexta-feira e o dos Cras é duas vezes na semana”. Representante dos trabalhadores no CMAS, Michele Silva questionou se o futuro Cras não estaria com “demanda fechada”. “Absorver mais 175 crianças seria possível?”, disse.

Michele pediu relatório sobre a viabilidade de absorver a demanda do Solar sem sobrecarregar o futuro Cras e com a mesma qualidade do atual serviço. “Votar algo que não existe eu não voto, sugiro aguardar os novos Cras estarem em funcionamento para no ano seguinte não realizar o aditamento, evitando que até sua inauguração essas crianças fiquem desassistidas, que os profissionais sofram maior demanda de trabalho, garantindo os direitos de todos”, disse.

O representante dos usuários José de Moraes e o dos trabalhadores Thiago dos Santos traçaram os benefícios tidos pelas crianças no Solar, “fazendo comparação de tamanho contrate” com o Cras. Mas Sylvia reafirmou que “não haverá aditamento” com a ONG em vista da “criação de dois novos Cras”. Edinalva louvou a criação, mas disse estar no CMAS para “melhorar e não fechar, tirar serviços”. “Estamos lidando com famílias e crianças, e isso é algo muito sério”, disse.

A votação foi feita e prevaleceu a manutenção do atendimento do Solar dos Unidos, com cinco votos favoráveis contra quatro, “deliberando assim pelo aditamento”. Votaram a favor da ONG Michele (trabalhadores), Júlia e José de Moraes (usuários), Roberta Motta (Cepim Santa Terezinha) e Edinalva. Votaram contra Tânia Beatriz (Secretaria de Educação), Sirley Ferreira (Desenvolvimento Econômico), Janoária Bueno (Habitação) e Juliana Caiafa (Fazenda) – todas do governo.

O governo pode ter orientado os funcionários a votar contra o Solar dos Unidos por motivo político. A entidade tem como presidente de honra o vereador Moreira (PSD), oposição a Fernando. “Espero que seja respeitada a vontade do conselho, que o prefeito reconheça o trabalho do Solar dos Unidos, que recebe as crianças no período que não estão na escola, é fundamental para que não fiquem nas ruas ao alcance dos marginais, drogas, prostituição”, disse Moreira.

EXTRAORDINÁRIA
No entanto, conforme apurou o VERBO, o prefeito forçará uma nova votação para que o resultado seja pela não renovação do convênio com o Solar dos Unidos. Uma reunião do CMAS, em caráter de urgência, foi marcada para esta quarta-feira (27), às 9h, na sede da Secretaria de Assistência Social, no Pirajuçara. “O governo vai tentar mais uma vez, através de reunião extraordinária do conselho, eliminar o Solar dos Unidos. E vai tomar outra derrota”, disse Moreira.

> Colaborou a Redação do VERBO ONLINE
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