Câmara aprova ‘Cartão Cidadão’ de Ney, mas 5 vereadores votam contra programa

Especial para o VERBO ONLINE

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

A Câmara de Embu das Artes aprovou na quarta-feira (4) a criação do “Cartão Cidadão”, projeto do prefeito Ney Santos (PRB) que visa obter dados pessoais dos moradores para “organização, planejamento e aperfeiçoamento dos serviços municipais”. Apesar do propalado objetivo de evitar que pessoas de outras cidades usem equipamentos da prefeitura e utilizar recurso poupado para atender a população, a iniciativa sofreu resistência e teve 9 votos a favor e 5 contrários.

Vereadores Rosângela (PT), Dra. Bete e André Maestri (ambos do PTB) ficam de pé em
Vereadores Rosângela (PT), Bete e André (ambos do PTB) ficam de pé para votar ‘não’ contra ‘Cartão Cidadão’

O vereador Jefferson do Caminhão (PSDB) disse que o “Cartão Cidadão” vai agilizar o atendimento público de Embu. “A tecnologia acaba com a burocracia. Esse é o único cartão que ligará os serviços municipais e também possibilitará a participação em projetos e atividades oferecidos pelo município. O cartão reduzirá a saída de medicamentos e vagas de exames para pessoas que não residem na cidade. Só a assistência social vai ter economia por ano de R$ 800 mil”, disse.

Júlio Campanha (PRB) disse que o cartão vai gerar economia de recursos que deixarão de ser gastos com moradores que não são de Embu. “O cartão vai trazer ganho econômico, que vai ultrapassar mais de R$ 2 milhões anuais, sem falar na melhoria dos serviços com a agilização do atendimento à população”, disse o vereador. Citado como referência pelos defensores da iniciativa, cartão similar foi implantado em Barueri (Grande São Paulo), mas hoje está desativado.

O vereador Daniboy (DEM) alegou que o cartão em Barueri foi suspenso por motivo “político” e avaliou que em Embu será vantajoso, ao considerar o custo de R$ 5 milhões sobre o orçamento em torno de R$ 500 milhões. “Com 1% da receita anual da cidade, o prefeito vai resolver [gasto desnecessário] pelos próximos anos. O 1% que ele está arriscando não é válido? No segundo semestre do ano seguinte, o valor arrecadado será três vezes maior o valor investido”, disse.

O vereador Bobilel Castilho (PSC) criticou o pessimismo de vereadores contrários e críticos ao projeto. “Como não vai dar certo, tem bola de cristal? Eu não consigo entender. Para dar certo, tem que tentar, tem correr alguns riscos. Mas já deu certo, eu pesquisei, fui em cada secretaria perguntar o que é gasto. Quando fui eleito, andei na cidade e encontrei coisas absurdas. Só na Frente de Trabalho existiam mais de 3 mil ‘fantasmas’, tinha gari que ganhava R$ 7 mil”, acusou.

Entre os contrários, Edvânio Mendes (PT) criticou o secretário Jones Donizette (Comunicação) por ter “anunciado prematuramente” a “aprovação” do cartão, sem antes passar pela Câmara. “Não concordo. O custo é altíssimo. Não é necessário investir R$ 4 milhões neste cartão, já temos o Cad Único [cadastros sociais], com 30 mil cadastrados. Com esse dinheiro, podia construir creches. Por que não paga o aluguel social, atrasado três meses?”, criticou o vereador.

André Maestri (PTB) observou, sobre restringir que pessoas de fora usem os serviços municipais, que o atendimento a pacientes em curso não pode ser interrompido e considerou a alegação de que o cartão foi suspenso em Barueri para não comprometer a eleição de Bruna Furlan, filha da então prefeito, uma balela. “Se era tão bom, tinha que defender. Prefiro que o recurso, que pode passar ou chegar a R$ 5 milhões, seja aplicado em carências da cidade”, afirmou.

A vereadora Rosângela Santos (PT) apontou que “Barueri teve problema com a empresa que está sendo contratada” pela prefeitura e que o Cad Único já é “bem rígido” na comprovação de residência. “Vieram à Câmara dez famílias que, como outras 100, estão há mais de 3 meses sem receber o aluguel social. E temos que melhorar a saúde, falta folha de sulfite nas escolas. Não é prioridade gastar quase R$ 5 milhões na implantação e manutenção deste cartão”, disse.

Os vereadores que rejeitaram o cartão votaram contra a taxa de lixo, na semana passada. Após a posição, tiveram apoiadores demitidos da prefeitura. O vereador Luiz do Depósito (PMDB) lembrou a situação ao fazer o discurso mais incisivo. “Não era o momento de criar taxa. Tem é que diminuir os custos. É a mesma coisa em relação a este cartão. A situação financeira da cidade é gravíssima, e se apresenta um cartão em que se vai gastar R$ 8 milhões?”, questionou.

“E vem a conversa de que em um mês já está pago o cartão. Em um mês se arrecada R$ 8 milhões? Se é tão bom assim, por que parou em Barueri? Tem algo errado. Eu não vou votar neste cartão, a prefeitura não tem dinheiro para fazer, o custo é muito difícil. Não sou contra o governo, não é porque mandou o meu pessoal embora”, disse, para cutucar os colegas favoráveis. “Falar que, ao decidir entre governo e povo, fica com o povo é mentira”, disparou Luiz do Depósito.

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