Doda pede desculpa, mas reafirma acusação ao PT; partido lança 3 pré-candidatos

Especial para o VERBO ONLINE

RENATA GOMES
Especial para o VERBO ONLINE, no Jardim Independência, em Embu das Artes

Em reunião do PT de Embu das Artes no domingo (3), o vereador Doda Pinheiro disse que não devia ter exposto o PT ao discursar na Câmara que o PT na prefeitura não cobrou a taxa de lixo para se manter no poder, mas pediu desculpas “em parte” e se recusou a se retratar sobre discurso que irritou a militância – ele indicou que só não devia ter dito em público. Doda voltou a criticar o presidente estadual do PT, Luiz Marinho, pela declaração de que poderá ser expulso.

Presidente Gabino fala na reunião, observado por Doda (esq.) e Rosângela (ao fundo)
Presidente Gabino fala na reunião, observado por Doda e João Leite (esq.) e Rosângela (fundo, cabeça baixa)

Os petistas em Embu tinham oficialmente como pauta da reunião do diretório as diretrizes do PT para as eleições em 2018, com apresentação de pré-candidaturas a deputado, mas o assunto mais aguardado e discutido – além de tenso – foi a posição de Doda, principalmente, e do vereador Edvânio Mendes (PT), que desrespeitaram a decisão do partido de ser oposição ao governo Ney Santos (PRB) e contra a taxa do lixo, e entraram em rota de colisão com Marinho.

Doda lamentou ter atingido o partido, mas fez questão de dizer que as desculpas eram ao PT, e não a Marinho, e que eram “em parte”. “O meu pedido de desculpas foi exatamente por ter exposto o partido, não pela minha fala, porque meu discurso foi construído através de dados do passado”, disse ao VERBO. Na sessão, ele afirmou que a taxa não foi cobrada por gestões do PT de 2007 a 2016, “em todos esses anos, pura e exclusivamente pela manutenção do poder”.

No diretório, Doda enfatizou que a lei da taxa de lixo foi criada pelo governo de Geraldo Cruz – de quem se tornou desafeto. “A discordância dos militantes do partido sobre a minha fala é nessa linha”, disse. Na Câmara, ele acusou que a taxa “não foi cobrada para fazer o sucessor do prefeito em 2008, Chico Brito; não cobrou em 2009 pela preocupação de fazer Geraldo deputado em 2010; em 2011, fazer o prefeito em 2012; em 2013, fazer o deputado em 2014”.

Doda contra-atacou e disse que a ameaça de exclusão é pretexto. “A expulsão que se comentou não é por causa da taxa de lixo e sim visando [disputa de] espaço interno no partido, que é de praxe, já se tentou expulsar o João Leite e agora falam da minha expulsão e do vereador Edvânio. É que a gente se posiciona como liderança para disputar os espaços, e para ele [Marinho] é mais fácil expulsar do que fazer a disputa interna que a democracia garante”, acusou.

Bastante contrariado com a cogitada possibilidade de ser expulso, Doda disse que a situação ainda não está resolvida. “É um coletivo que vai decidir, tanto a executiva como o diretório. [Mas se a decisão for pela exclusão], conforme a própria fala infeliz do Marinho, não precisa expulsar, é só me convidar que eu me retiro, sou um cara muito educado”, ironizou Doda, que exerce o segundo mandato como vereador e foi presidente da Câmara de Embu em 2013 e 2014.

A vereadora Rosangela Santos (PT), única opositora ao governo Ney e confrontada com a posição dos colegas de partido de serem base de apoio ao prefeito, não disfarçou a insatisfação com a decisão da direção de levar o caso dos petistas em “banho-maria”. “Cheguei um pouco atrasada, mas o objetivo foi cobrar uma posição dos vereadores, para ficar mais unidos, defender a mesma proposta. É essa posição que esperamos”, disse Rosângela, aliada de Geraldo.

O presidente do PT de Embu, Gabino Silva, foi evasivo sobre se o partido fechou questão acerca da expulsão e disse que a questão será analisada pela direção estadual. “Doda reconheceu o erro, Edvânio em nenhum momento falou ser a favor da taxa de lixo. A expulsão é o extremo, e como presidente não expulso pessoas. O que o Doda quis dizer é que tem grupos ligados a tal vereador, tal deputado, e citou muito a questão do Geraldo não dar espaço no partido”, disse.

Gabino enalteceu que Embu tem a maior bancada do PT entre as 16 cidades em torno de Osasco. “Expulsar alguém só porque alguém quer, não é assim que funciona. Quem não quer um vereador do PT na bancada? Na macrorregião são apenas cinco vereadores do PT e três são de Embu, portanto vamos direcionar para que esses problemas não ocorram e nos manter unidos”, disse, em crítica velada ao grupo de Geraldo. Gabino foi eleito com apoio de Doda e Edvânio.

Questionado sobre Doda e Edvânio se beneficiarem ao apoiar o governo, Gabino disse não ter conhecimento de que os dois têm cargos no governo, e que se algum filiado estiver nomeado “sofrerá as devidas providências”. Doda negou ter cargos na prefeitura. Ele e Doda defenderam uma “oposição responsável”, a defesa de projetos que tragam benefícios à população. Gabino disse que Doda e Edvânio prometeram mais apoio a Rosângela para conseguir suas indicações.

ELEIÇÕES 2018
A reunião do PT de Embu teve o anúncio de três pré-candidaturas. “Hoje começamos a discussão das eleições de 2018. Geraldo Cruz é automático [pré-candidato] por ser deputado [estadual], e hoje [o ex-vereador] João Leite e o vereador Edvânio Mendes se colocaram como pré-candidatos. Se as candidaturas vão se efetivar, é outra conversa, não definimos se todos disputarão a cadeira para estadual ou federal”, disse Gabino. Geraldo não compareceu à reunião.

Questionado se a candidatura de Edvânio não seria usada como quando Chico Brito lançou João Leite para derrotar Geraldo, Gabino foi enfático: “Agora não existe mais a figura do Chico Brito [ex-PT]. Vamos trabalhar para um candidato único, nosso partido é democrático e qualquer um com mais de seis meses de filiação pode ser candidato”. Edvânio, que deixou a reunião antes do fim, tem aparecido ao lado do vereador Hugo Prado (PSB), nome a estadual de Ney.

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