Moradores de Taboão ‘inteiro’ cobram políticos e polícias para agir contra crimes

Especial para o VERBO ONLINE

RENATA GOMES
Especial para o VERBO ONLINE, no Jardim Helena, em Taboão da Serra

Moradores de várias partes de Taboão da Serra, desde a região central até a periferia, fizeram forte reclamação contra as autoridades municipais e policiais diante da onda de crimes que apontam na cidade durante audiência pública da Comissão de Segurança da Câmara dos Vereadores na noite de sexta-feira (1º). Apesar de promessa nas redes sociais de um “buzinaço”, a população se organizou para outra forma de manifestação: presença, cobrança e desabafo.

Moradores marcam presença em audiência pública de comissão da Câmara para reclamar da insegurança
Moradores marcam presença em audiência de comissão da Câmara para reclamar da insegurança em Taboão
Vereadores de comissão e integrantes de forças de segurança na audiência; e placa
Vereadores de comissão e integrantes de forças de segurança na audiência; e placa de alerta contra bandidos

Participaram da audiência conduzida pela vereadora Érica Franquini (PSDB), presidente da comissão, os vereadores Cido da Yafarma (DEM) e Eduardo Nóbrega (PSDB), membros, o comandante do 36º Batalhão da Polícia Militar, coronel Marcos Vitiello, o delegado-titular do 1º Distrito Policial (centro), José Altamiro, o comandante da Guarda Municipal, Sandro Leo, e o secretário Olívio Nóbrega (Planejamento), que representou o prefeito Fernando Fernandes (PSDB).

Os presidentes dos Conselhos Comunitários de Segurança (Consegs) do Pirajuçara, Solange Alves, e do Monte Alegre, José Júnior, além da Comissão de Segurança da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Taboão, acompanharam a reunião, que durou três horas em razão da insatisfação popular. Os Consegs têm sido o único canal de cobrança dos moradores, quase sempre sem a presença dos representantes da população – só um ou outro vereador aparece.

Os moradores e comerciantes dos bairros Monte Alegre (parte alta e baixa), Recanto dos Pássaros, Três Marias, Mirna, Maria Rosa, Maria Helena, Helena, Salete, Saint Moritz relataram casos de crimes e registraram seus apelos, com o uso da tribuna por dez pessoas. Além das críticas, apresentaram soluções. As principais reivindicações foram coibir a ação criminosa com blitze constantes, instalação de bases comunitárias com estrutura e a volta da ronda nas escolas.

De “saco cheio”, um morador do Monte Alegre disse que “a prefeitura está mais preocupada em fazer politicagem”. “Tem que agir. Deputada que tinha o dever de estar aqui não comparece, temos 13 vereadores e aqui só tem três. Cadê os secretários? Taboão tem secretário de Segurança? Se não fazem nada, vamos fazer, se não governam para gente, a gente governa”, disse. A deputada estadual Analice Fernandes (PSDB) foi representada pelo assessor Paulo Félix.

Com as forças de segurança também alvo de críticas, os comandantes prometeram ação. O coronel Vitiello elencou, porém, problemas sociais que também precisam ser enfrentados por todos e apontou que estudos comprovam que a PM só consegue atingir a prevenção em 20% dos casos. “Me incomoda o discurso do ‘cobertor curto’. O cobertor pode até ser curto, mas muitas vezes porque a gente quer. Assumo o compromisso de visitar cada ponto ‘in loco’”, disse.

O delegado Altamiro, titular do 1º DP desde o início do mês de agosto, diante de reclamação de atendimento deficiente na delegacia, disse não aceitar mau profissional. “Estou aqui para fazer a diferença, para somar. Na unidade que estou, com respeito aos meus colegas, policial que não trabalha, que for vagabundo, comigo vai ter vida curta. Os policiais civis passam pelo curso de gestão de atendimento ao público, não têm desculpa para atender mal a população”, disse.

O comandante Leo disse que hoje a GCM não tem problema de efetivo, que em outubro forma mais 29 GCMs, e o que tem é muito trabalho. Ele defendeu que as bases precisam de suporte – a Secretaria Estadual de Segurança é contra implantar base fixa sob a alegação de que o PM fica “preso” no posto e não pode sair para fazer patrulhamento. Em resposta a morador, Leo disse que a segurança não tem secretário por ser ligada diretamente ao gabinete do prefeito.

A presidente Érica entregou durante a audiência dez placas com os dizeres “Estamos Monitorando, Vizinhos Unidos” para moradores que pediram – disse ter conseguido doação de um empresário. A intenção é coibir a ação dos bandidos ao indicar que o vizinho está de olho um na residência do outro. Ela disse que na sessão nesta terça-feira (5) apresentará um projeto de lei sobre as placas. A vereadora não explicou, porém, como vai funcionar na prática.

Érica disse ao VERBO não acreditar que a ausência dos outros vereadores tenha sido pelo racha na Câmara – grupos adversários por defenderem candidaturas a prefeito diferentes (“G4” e “G9”). “Fiz a minha parte e convidei todos, quem perdeu foram eles de não ter vindo, [mas] não é a divisão de grupos”. Ela disse que não achou que os moradores foram “enquadrar a polícia”. “Vieram dar um grito de angústia, ser vítima de crime é um trauma que ninguém apaga”, disse.

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