Ato repudia violência sexual contra mulheres no Sta. Tereza e critica órgãos públicos

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Moradoras de Embu das Artes militantes de partidos políticos e movimentos sociais realizaram neste domingo (13) no Jardim Santa Tereza ato de repúdio à agressão sexual contra mulheres, em reação a estupros ocorridos no local e bairros próximos. De acordo com as idealizadoras, pelo menos três mulheres sofreram abusos em julho na região. As ativistas condenaram a violência doméstica e o machismo e criticaram serviços públicos quanto aos direitos femininos.

Mulheres mostram cartazes com mensagens de repúdio
Grupo mostra cartazes com mensagens de repúdio a violência sexual contra mulheres e incentiva a denunciar
Vereadora Rosângela Santos (PT) discursa
Vereadora Rosângela (PT) denuncia casos de estupro na região do Jd. Sta. Tereza; Elói apoia ato das mulheres

No movimentado largo do Santa Tereza, uma professora discursou que a região “em apenas alguns dias foi palco de três ocorrências” de estupro. “Temos conosco parentes de vítimas que nos relataram coisas muito horríveis. O atendimento à mulher que é vítima de violência é precário. Quando a mulher chega a delegacia para fazer a denúncia, a primeira coisa que é perguntada para ela é ‘você não está bêbada?’, ‘olha essa roupa’. Isso justifica o abuso?”, protestou.

“Precisamos de políticas públicas de atendimento especializado às questões da mulher. A violência está sendo uma questão muito difícil, hoje, a orientação que nossas meninas têm é de tomar cuidado na rua, é de sair acompanhada, de não poder andar sozinha. Se sai cedo para trabalhar é perigoso, se chega tarde da faculdade é perigoso, as nossas meninas estão presas. Ensine os meninos a respeitarem as mulheres, e não as meninas a terem medo”, enfatizou.

Outra ativista citou órgãos de atenção à mulher, não sem queixas. “No Embu temos a Delegacia da Mulher, que ainda tem funcionamento precário, mas tem atendido os casos de violência contra a mulher. Temos o Centro de Referência da Mulher, no centro. É um absurdo, Embu é tão grande e só tem um. Mas estamos aqui para dizer não à violência contra a mulher. Nós existimos e resistimos. Não somos objetos, somos pessoas e merecemos respeito”, falou.

O ato teve também apelo às vítimas que seguem uma religião e não pedem o divórcio por acharem que Deus condena aquela que se volta contra o parceiro. “Isso é mentira, mulheres! Vocês que são cristãs, que estão nas igrejas, sofrendo violência moral, sexual, não achem que Deus vai punir vocês por fazerem o que é certo, vocês devem, sim, quebrar o silêncio. Temos que dizer que quem colocar a mão em nós vai se arrepender. Ligue 180 e denuncie a violência”, falou.

A vereadora Rosângela Santos (PT) disse ser inaceitável que mulheres tenham de mudar o ritmo de vida por causa de homens “machistas e violentos que querem usar o corpo da mulher, violentar e até matar”. “Muitas ainda têm receio de fazer a denúncia por falta de acolhimento adequado, na delegacia vai esperar quatro, cinco horas para fazer BO. Até são julgadas – ‘o que fazia na rua até essa hora?’. A culpa é sempre da mulher. Temos que mudar essa cultura”, disse.

Em visita a amigos no Santa Tereza, a universitária Amanda Monteiro, 24, achou louvável a manifestação e disse também sentir medo de sair de casa. “Nossa, com certeza, a gente anda meio assustada o tempo todo. Eu acho que elas têm que batalhar mesmo pelos direitos e repudiar isso. É uma violência, a mulher é um ser humano, todo mundo tem o direito de poder andar livremente e viver tranquilamente, não ser inibido por nenhum marginal por aí”, disse.

Morador do Jardim Independência, o administrador Elói Júnior expressou apoio às mulheres na manifestação. “Este ato é válido, a mulher não deve ser objeto de violência de nenhum homem. Tinha que ter mais desse tipo de movimento, para inibir também a sacanagem dos safados [estupradores]. Um cara desses não merece nem viver”, disse, ao ver as mulheres com cartazes no semáforo. As ativistas encerraram o ato com caminhada até a escola Jornalista José Ramos.

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