Grande nome da música católica, irmã Miria Kolling morre aos 77 anos em São Paulo

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em São Paulo

Um dos grandes nomes da música católica no Brasil, a cantora e compositora irmã Miria Kolling morreu na tarde de sexta-feira (5) em São Paulo, aos 77 anos, ao não resistir a cirurgia no coração após sofrer um infarto duas semanas atrás. O velório ocorre desde este sábado e segue até este domingo, no Educandário São José do Belém, no Belenzinho (zona leste da capital). Às 12h30, acontece a última missa de corpo presente, na matriz da Paróquia São José do Belém.

Irmã Miria Kolling, que publicou mais de 600 obras musicais para a Igreja e também compôs canto para Obama
Ir. Miria Kolling com grupo de canto de paróquia de Taboão da Serra ao dar curso na Catedral de Campo Limpo
Com André Zamur, irmã Miria dá 7º Curso de Canto Pastoral na quadra da Cáritas de Campo Limpo em 1996

Na tarde deste sábado, no Educandário, o cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, celebrou missa em memória da religiosa. “Em clima solene, as músicas de maior sucesso da irmã Miria foram tocadas ao som de piano por um padre. Foi muito bonito e emocionante”, disse o cantor litúrgico Vantuil de Jesus, que participou de vários cursos ministrados pela freira. Após a derradeira missa, neste domingo, acontece o enterro no Cemitério Santíssima Trindade.

No dia 19 de abril, irmã Miria sentiu dores no peito e foi internada no dia seguinte no Hospital Santa Virgínia, na capital paulista. Após ser diagnosticado o infarto, a religiosa foi submetida a um procedimento de cateterismo. Desde então, aguardou as condições favoráveis para ser submetida a uma angioplastia, que foi realizada na tarde deste dia 5 de maio. Durante o procedimento, sofreu um infarto fulminante e morreu – no fim deste mês completaria 78 anos.

Nascida em 28 de maio de 1939 em Dois Irmãos (RS), Miria Therezinha Kolling era freira da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria havia 57 anos e música há 46. Ela aprendeu ainda bem jovem a amar e cultivar a música. Na congregação teve oportunidade de aprofundar os estudos musicais. Cursou pedagogia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e música (bacharelado em instrumento – piano) na Faculdade de Música, ambas em Santos (SP).

Em 1981 participou do Simpósio Internacional de Música Sacra e Cultura Brasileira, na cidade de São Paulo, evento que abriu caminhos para se aprofundar em música sacra na Alemanha e na Áustria. Em 1989 mudou-se para a capital paulista. Não parou mais. Participou de congressos, festivais, encontros de músicos pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), semanas de liturgia, como também de Campanhas da Fraternidade, compondo diversos hinos.

Como  compositora de música litúrgica e religiosa, irmã Miria é conhecida sobretudo pelas missas (canções para celebrações inteiras) e cantos litúrgicos. Publicou mais de 600 obras musicais, entre missas, catequese e hinos diversos. Entre as mais conhecidas, está “Missa da Amizade”, sua obra prima, composta em 1970. Compôs o hino do Congresso Eucarístico Nacional em Campinas (SP), em 2001, coordenando a gravação do CD “Venham para a Ceia do Senhor”.

Entre 2006 e 2011, irmã Míria escreveu mensalmente na revista “Ave Maria” um artigo sobre a música na liturgia. Virou o livro “Sustentai com arte a louvação! – A música a serviço da liturgia”, muito útil aos ministros da música. Em 2008, compôs o “Hino Jubilar” em comemoração aos 100 anos da Arquidiocese de São Paulo e o canto “Sim, nós podemos”, pela eleição histórica de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos – na versão em inglês, foi enviado a ele.

Em 2012, ela recebeu da Associação do Senhor Jesus – TV Século 21, como Prêmio Nacional da Música Católica, o Troféu “Louvemos o Senhor 2012” – mérito especial por suas composições. Na evangelização pela música, cantou aos papas João Paulo 2º e Francisco e nas comunidades pelo Brasil, com o mesmo entusiasmo que encantava todos. Escreveu livros, dedicada a orientar sobre música na missa. Incansável, viajou o Brasil e o exterior com cursos de liturgia e canto.

Na região, a partir de 1990, desde que a Diocese de Campo Limpo foi criada, irmã Miria deu sempre curso aos agentes católicos e marcou várias gerações de cantores das missas nas paróquias locais. Em quase três décadas de “partilha de ensinamento”, ela só não ministrou o curso este ano. “Estou muito triste. Deus me deu a graça de participar de muitos e muitos cursos dela, aprendi muito”, diz Eula Guimarães, cantora da Paróquia São João Batista em Taboão da Serra.

As duas últimas obras de irmã Miria são “Tudo por causa de um grande amor” (2015) e “Glorifica minha alma ao Senhor”, da missa oficial jubilar para comemoração aos 300 anos – que se completam em 2017 – de encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida (2016) – lançadas pela gravadora Paulinas-Comep. No CD lançado há dois anos, a religiosa cantou o seguinte refrão: “Amanhã, se eu acordar, Deus estará comigo. E se eu não acordar estarei com Ele!”.

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