Em vídeo, Ney repreende recepcionista da maternidade por suposto mau atendimento

Especial para o VERBO ONLINE

Ney ofende atendente da maternidade ao dizer que 'não tem educação' e 'não sabe conversar', mas indenização à servidora saiu do cofre municipal | Reprodução

ANA PAULA TIMÓTEO
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Em visita à maternidade municipal (centro), o prefeito Ney Santos (PRB) repreendeu em público uma funcionária da recepção por supostamente atender mal uma paciente, neste fim de semana, conforme mostra um vídeo que circula nas redes sociais com grande repercussão. Em conversa tensa em que é retrucado, Ney diz que a atendente “não está preparada” para trabalhar na unidade – gerida por uma empresa privada -, “não tem educação” e “não sabe conversar”.

Ao lado do secretário de Saúde, o prefeito Ney Santos censura recepcionista da maternidade (fora da imagem)

O vídeo não mostra o alegado destrato à paciente e começa já com o diálogo de Ney com a atendente. Ele questiona para quem ela deve passar “essas coisas”, se não é para o superior dela. A funcionária diz: “Não tem superior, quem é o superior aqui?”. Ney diz: “Ué, deve saber quem é o superior da sra., se tem alguém responsável pela unidade…”. O que deveria ser relatado não é falado, mas a reportagem apurou que a atendente reclamou das condições de trabalho.

O prefeito passa logo à reprimenda. “Eu acho que a sra. não está preparada para estar trabalhando aqui. Para atender a população, no mínimo, tem que ter educação”, diz. “Eu tenho educação”, rebate a funcionária. Ney interrompe: “Além de não ter educação, a sra. não sabe conversar, a gente percebe. A sra. nunca me viu e está me tratando mal, isso porque eu sou o prefeito, imagine se eu fosse um munícipe”, dispara. “Não estou tratando o sr. mal”, retruca ela.

De pé diante da mesa da funcionária, sentada, Ney fala para o secretário José Alberto Tarifa (Saúde), que está ao lado, cuidar das providências. “Então, dr., tem que tomar as medidas cabíveis”, diz. A atendente responde que pediu para a paciente esperar um pouco que ia fazer a ficha. “Pessoas como ela… Pode ser concursada, ser funcionária da empresa, pode ser o que for, ela não está apta para trabalhar para a empresa”, continua Ney. Tarifa concorda: “Com certeza”.

“Não pode… Porque a população quando vem procurar o equipamento – como a esposa do rapaz veio para ganhar nenê -, nem vem à toa, não vem por luxo, ela veio justamente porque está passando mal, e a sra…”, prossegue Ney. “Justamente, só que eles chegaram aqui tumultuando”, interrompe a atendente. “Não é tumultuando, se a mulher está passando mal, está com dor, a sra. quer o quê?”, diz Ney. “Está precisando de atendimento, está com dor”, frisa Tarifa.

“Se ela está precisando de atendimento, no mínimo, tem que ter prioridade. A sra. já teve filho?”, pergunta o prefeito. A atendente diz “não”. O vídeo é cortado e traz um grupo dançando com montagem do rosto de Ney, para exaltar a fala do prefeito “desmoralizando” a atendente. “Acho que é por isso, ela nunca sentiu dor no parto”, constrange Ney. “Mas sei distinguir quem é emergência e quem não é”, diz ela. “A sra. é médica?”, questiona Ney. A montagem é reinserida.

“Eu não sou médica, mas eu sei porque faço pergunta”, diz a funcionária, no retorno da gravação. “Ah, tá bom”, ironiza o prefeito. “Se eles não tivessem chegado tumultuando…”, fala ainda a atendente, até ser interrompida. “Fique em paz, termine de cumprir… creio que vai ser o último plantão da sra. Mas aí ele [secretário] vai conversar com a sra. depois”, encerra Ney. O vídeo tem 1 minuto e 52 segundos. A incerta do prefeito aconteceu no sábado (22), apurou o VERBO.

A atitude de Ney com gravação do vídeo dividiu opiniões de moradores nas redes sociais. “Isso mesmo, prefeito, de vez em quando é bom você passar em todas as unidades, PSs, UBSs, tem muitos funcionários públicos que desrespeitam a população diariamente, principamente na saúde”, diz Veruska Carvalho. Os contrários falaram que a postura de Ney só camufla o “caos” na saúde. “Sem contar o assédio moral que a funcionária sofreu”, diz André Luiz Volpe dos Santos.

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