3º Encontro faz ‘raio-X’ do autismo e pede preparo de profissionais para diagnóstico

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, no Jardim Helena, em Taboão da Serra

O 3º Encontro de Autismo em Taboão da Serra reuniu na manhã de sábado (8) especialistas que traçaram “raio-X” da disfunção neurológica e defenderam a capacitação de profissionais das mais variadas áreas para acolhimento aos indivíduos acometidos e diagnóstico precoce do transtorno. Cerca de 300 pessoas, entre educadores, médicos, ativistas da causa, políticos e familiares, sobretudo mães de autistas, lotaram o plenário e área externa da Câmara Municipal.

Mesa de especialistas, público e crianças no 3º Encontro de Autismo, que defendeu detectar cedo o transtorno

O psiquiatra Leonardo Maranhão recomendou que o serviço público tenha equipes aptas para detecção cedo do autismo, até por conta de que muitos pais, além de enfrentar preconceito, relutam em aceitar que os filhos “têm o problema e demoram a buscar ajuda na saúde mental”. “O poder público deveria investir em capacitar profissionais para fazer o diagnóstico precoce ou pelo menos a identificação dos casos de risco, para fazer a intervenção”, disse.

Maranhão indicou a avaliação das crianças para detecção dos 8 aos 36 meses de vida, em idade de creche. “Pela via da educação é mais leve para identificar e conseguir atuar o quanto antes. Se for diagnosticada até os 3 anos, a criança terá um grau de independência quando adulto e vida social normal. Se for já na vida escolar, o futuro da criança será comprometido, não vai ter grau de comunicação normal e será dependente com necessidade de um cuidador”, alertou.

O psiquiatra apontou, porém, que a rede pública, em geral, ainda não está preparada para detectar o autismo. “Não só aqui no município [Taboão], como no Estado e no nosso país, é algo recente, ainda não existe algo implantado de intervenção precoce. Mas tem que começar, senão vai crescer cada vez mais o número de indivíduos com a disfunção e com isso será preciso quantidade maior de profissionais envolvidos no tratamento e maior gasto no futuro”, advertiu.

Ele citou que no século 20 o fator genético respondia por 70% dos casos de autismo e o ambiental, 30%, mas hoje é o inverso. “Por causa do grau de industrialização e de poluição. Outro fator é a presença de muito agrotóxico nos nossos alimentos”, disse. Ele disse que 1% da população mundial é autista. “Em Taboão é um universo de 2.700 pessoas. Mas dados recentes falam em 1,5%. HIV infantil, diabetes infantil, cânceres infantis juntos não dão o autismo infantil”, disse.

Presente, a secretária de Saúde, Raquel Zaicaner, disse que “o autismo tem ganho cada vez mais espaço” em Taboão. “Fechar o diagnóstico do autismo não é tão simples. Temos trabalho conjunto com a Educação, quando os professores percebem alguma coisa diferente pedem a ajuda da Saúde. Hoje, são 212 crianças acompanhadas no Caps [centro psicossocial] Infantil, 90 são autistas. São as que mais nos preocupam, precisam de recursos mais intensos”, afirmou.

O pedagogo Fabio Oliveira disse que seria “injusto” se dissesse que nenhum colégio está preparado para acolher aluno autista e citou trabalho de inclusão de escola pública no Campo Limpo (zona sul), mas reconheceu que é um oásis. “Estamos falando de uma formação específica, que para o professor ter precisa pagar. É importante as secretarias de Educação investirem na formação do professor, nem todos os lugares tratam a criança autista como deveria”, disse.

A ativista do Movimento Pró-Autista Ana Ruiz, mãe de autista, destacou a militância do grupo que fez a causa deixar de ser “invisível”. “Conseguimos conscientizar a sociedade e o poder público para as necessidades dos autistas para terem desenvolvimento pleno, e ter uma lei. Falta agora o poder público cumprir, que a saúde esteja preparada para fazer o diagnóstico precoce e realizar a intervenção devida, já que cada autista é único, e fazer a inclusão escolar”, declarou.

O vereador Ronaldo Onishi (SD), idealizador do encontro resultado da lei municipal da Semana de Conscientização do Autismo que criou, disse que o evento fará o município tratar melhor o autismo. “Buscamos primeiro é que a sociedade saiba que existe o espectro autista, conhecendo, fica mais fácil conviver e buscar soluções. […] Queremos envolver as secretarias de Esportes e Cultura, não só no encontro, mas nas ações. Queremos conscientizar para incluir”, afirmou.

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