Medalha ‘Laurita Ortega Mari’ homenageia mulheres ‘do social’ e de coragem

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Mulheres que se destacam na área em que atuam e pelo trabalho social que fazem em Taboão da Serra receberam na quinta-feira (31), na Câmara Municipal, a medalha “Laurita Ortega Mari” – nome da prefeita do município entre 1964 e 1968, primeira mulher no Estado e segunda no país a governar uma cidade. No evento que festejou o mês da mulher em Taboão, na quinta edição, 16 mulheres foram homenageadas. Cerca de 200 pessoas participaram da sessão solene.

Mulheres recebedoras da medalha aplaudem de pé a enfermeira Selma Fátima (dir.) em homenagem póstuma

Uma das agraciadas com a medalha, Angela Pinheiro, idealizadora do Gape (Grupo de Apoio à Pessoa Especial) – em prol das pessoas com deficiência -, disse que a homenagem foi uma demonstração de “respeito” ao trabalho voluntário realizado desde 2007 pela Paróquia São João Batista no Pirajuçara, voltado aos cidadãos de Taboão sem distinção de crença. Angela, ao lado de apoiadores, está iniciando nova ação social, de apoio a mulheres acometidas com câncer.

“Já são quase dez anos com a Pastoral do Gape, agora temos esse trabalho novo idealizado por mim e outras mulheres, pela minha cunhada que está passando por tratamento de câncer. É uma prova de que, mesmo não estando envolvido na política e sendo leigo, cada um pode fazer algo pelo próximo. Vi [nesta ocasião da homenagem] a oportunidade de mostrar para as pessoas que todo mundo pode ajudar desde que queira”, disse Angela, 36, ao VERBO na cerimônia.

Mulheres que superaram violência doméstica e deram novo sentido para a vida também foram homenageadas. Marcia Loureiro casou muito cedo, aos 18 anos, com um homem que não a deixava trabalhar e estudar, que a humilhava para que se sentisse muito mal e não tentasse novos rumos. Com os três filhos crescidos, resolveu sair e passou a sofrer agressão psicológica e ameaças de morte. Depois de dois anos de maus-tratos mais intensos, decidiu se separar.

Marcia fez faculdade de enfermagem. “De lá para cá, não parei mais. Hoje estou sendo homenageada, estou muito feliz! É um sentimento de vitória, de ter saído do nada e ter crescido em tão pouco tempo. Tenho orgulho do que sou hoje, meus filhos também têm. Sou outra pessoa, sou enfermeira, dou aula e participo com meus alunos de ações sociais em Taboão”, disse Marcia, muito bonita, alegre, simpática. “Pois é, mas ele falava que eu era feia. E eu acreditava”, contou.

Angela é cumprimentada pelo padre Kieran, da paróquia onde atua; Márcia é homenageada por Sueli Amoedo

A entrega da medalha teve homenagem póstuma à enfermeira Selma Fátima, idealizadora da honraria, que morreu em fevereiro. Um vídeo com fotos da trajetória de Selma e depoimento de uma irmã foi apresentado. “Foi tudo lindo [o evento], emocionante. Se for fazer alguma coisa, faça por amor. Foi o que ela fez a vida toda, pela família e por Taboão. Não foi só para se beneficiar futuramente, foi por amor mesmo à profissão”, disse a filha Fernanda Santos de Souza, 33.

Ao contrário das primeiras edições em que gestores e ativistas sociais faziam as indicações, a escolha das agraciadas mudou e hoje é feita na maioria pelos vereadores. Érica Franquini (PSDB), que ficou à frente da homenagem, admitiu a alteração. “Eu tenho que ser democrática, convido os vereadores porque tenho que valorizar as mulheres, e eles vindo, também valoriza”, disse. Indicada, a jornalista Renata Gomes foi, porém, boicotada, em ponto negativo neste ano.

comentários

>